Na concertação se faz necessário pensar cooperação!
Autores: Gilson Luiz dos Anjos, João Carlos Pereira Junior, Kettia Kellen, Patricia de Camillis, Rogério Knebel, Roque Graziolla, Sandra Andrea Assumpção Maria,Valter Morigi
RESUMO: O artigo debate a hipótese de que o modelo técnico-organizacional não pode servir como um exemplo de afirmação de ação coletiva segundo a proposta de um projeto de emancipação e autonomia. Parte da afirmação de que cooperar é muito mais do que a coesão social, é um processo complexo. Cooperar tem a ver com conectar perspectivas de ação e com formas de tomar decisões coletivas, tendo por resultado a ressignificação dos espaços de poder. Defende-se que se trata de um processo pedagógico e ético. O artigo conclui que a ressignificação do conceito busca a individualidade e a pluralidade como elementos complementares e fundamentais em qualquer processo de concertação social.
Palavras chave: cooperação, educação, ética, individualidade, concertação social.
Introdução: Este texto se propõe pensar a cooperação como um processo aberto que se modifica ao longo das experiências; por isso é um processo pedagógico. A seguir, o debate defende que cooperar é um projeto de conectar perspectivas de ação e diferentes formas de tomar decisões coletivas, gerando a ressignificação dos espaços de poder. Encerra apontando para a necessidade de ressignificar o conceito de cooperação de forma a não definir a individualidade a pluralidade como forças contrárias, mas complementares.
[...] a cooperação só acontece com a aceitação do outro. Em relação de dominação e submissão não há cooperação, há obediência, há submissão. A cooperação existe como fenômeno somente no espaço em que a relação é uma re- lação em que os participantes surgem como legítimos na convivência (MATURANA, 1993, pág. 69).
A crise nos obriga a voltar às velhas questões e exige respostas e, quer sejam novas ou antigas, propõem julgamentos diretos. Uma crise só se torna desastre quando respondemos a ela com juízos pré-formados, isto é, com preconceitos. Essa atitude não apenas aguça a crise como nos priva de experimentar outros modos de pensar. Com os processos associativos e cooperativos isto também ocorre, principalmente quando os sentidos da coesão social são apropriados pela lógica do capital que, ao travestir os significados, propõe que cooperar é uma forma de organizar o trabalho. Interessante que os arranjos organizacionais referenda- dos pelas cartilhas neoliberais apresentam a cooperação como processo coletivo, de ação individual (“a minha parte eu fiz...”) incentivando o individualismo como única possibilidade de mudança. É certo que na América Latina parte dos processos de cooperação foram sancionados, externamente, pela força ou por autoridade de pessoas de referência, porém a sua história destaca que, apesar das suas particularidades, há elementos comuns de invariância que parecem indicar que, apesar da exploração e da desigualdade social, sempre existiram estratégias baseadas em modelos de cooperação e ação coletiva para contestar (ou refutar) a dominação. Tais fatos constituem, ainda hoje, formas de manifestação que expressam identidades e diferenças, dois constitutivos necessários à emancipação e autonomia de indivíduos ou grupos. (...)
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